sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Quando as Questões da Formação e do Programa São Esquecidas e a Vida Social se Torna Decadente



Núcleo Colonial 61, construção de 1926. Os primeiros colonos suiços chegaram em 1819. Depois vieram os alemães em 1823.
As terras friburguenses se revelaram frias e ruins para a agricultura, e os colonos foram se transferindo na direção da Vargem Alta, São Pedro e Lumiar.







prezado leitor: o blogue San Pedrito en la Sierra, que é da serra fluminense... suiça e friburguense!... tem o prazer de apresentar a tese cosmopolita e histórica:


= = A Questão do Programa = =

Esta Tese estava alojada no blogue do Carvalho, mas fica transferida para este blogue do Largo do Estrêla, por ser este Largo também bastante histórico e internacional. Práticas anarquistas aqui mencionadas tomaram corpo por um tempo, nos anos 90, neste corajoso povoado... Como sempre ocorre com vivências de teses anarquistas, elas trouxeram de início doçuras e alegrias, até quase o fim da Década... depois as teses perderam a força, se tornando obsoletas... em face dos problemas advindos da pura Ordem Social!!

TESES PARA FORMAÇÃO PARTIDÁRIA











A tese do PROGRAMA diz respeito à realidade histórica e objetiva -- e não às teses em si, como credo, aposta, proposições ideológicas.
Em toda parte, o que vemos em nossos “militantes” é a ânsia idealista de apresentar teses: justicialistas, democráticas, republicanas... como valores-em-si, de iniciação... porém as correlações não são obtidas para efetuação nas condições reais da sociedade, nas formas estatais, jurídicas, institucionais.

A política mais necessária no momento, seria esta política que tem um corpo e uma feição marxista-leninista, porém esta política considera uma série de “aberturas e leituras” para as teses (as práticas) de social-democracia e de anarquismo.

As análises dos intérpretes marxista-leninistas sobre as passeatas populares de Junho de 2013 demonstraram exatamente que a interpretação marxista-leninista é a mais objetiva:
Todavia esta pode sempre se enriquecer com as possibilidades criadas nos campos anarquista e social-democrata. As proposições provenientes dos campos anarquista e social-democrata, por sua vez, nada realizam de prático, quando desconhecem as lições da história e as teses mais abrangentes já formuladas no séc. XIX a partir do que se considera o socialismo marxista (o que seria o sentido da “Esquerda”).

Três vertentes seriam vertentes naturais da HISTÓRIA OBJETIVA -- com as quais é preciso trabalhar: E nesse sentido ainda como Convergência Socialista...
1) Marxista-leninista: entender que o Estado é determinado, que a política não é o “governo-e-estado”, que só o apoio da massa produtiva e dos soldados permite a mudança, que as condições materiais de existência e de propriedade privada determinam as relações sociais, que a condição de classe determina a política, etc = que a espontaneidade das massas, o clamor por “justiça e democracia”, não são suficientes; é necessário se ter quadros e formação para liderar os movimentos de massa segundo ESTUDOS OBJETIVOS de História.
2) Anarquista: lidar com as massas espontaneamente, no estado de consciência em que estão, agir localmente, porque o Estado está demasiado distante, ou é demasiado opressor, aceitar o hedonismo, o improviso, não considerar as instituições vigentes...
Como “comunitarismo” o sentido anarquista estará sempre presente [Anarquismo intuitivo... Anarquismo peq.-burguês... Anarquismo de direita...].
Porém, no longo prazo, vale a crítica dos comunistas: A sociedade não vive sem um Estado organizador.
3) Reformismo, social-democracia [ainda: democracia-burguesa, trabalhismo]: Quando as condições cívicas e civilizatórias, humanistas, de uma sociedade fazem com que o estado republicano burguês ofereça muitas oportunidades de avanço sistemático EM DIREÇÃO AO ESTADO SOCIALISTA = o processo revolucionário é substituído por um processo constante de formação da maioria socialista, caso haja um estado reformista disponível para isto, etc.

Nos exemplos históricos desde o século XIX é a razão marxista-leninista que permite as revisões históricas mais abrangentes -- Porém, esta por sua vez requer constante Revisão:
O advento do Capitalismo Financeiro como nova forma de classe e de poder: A Mais-Valia contida no poder privado de emissão da moeda ofereceu aos capitalistas financeiros a oportunidade de sobrepujar o capitalismo industrial-comercial desenvolvido pelas classes burguesas européias e norte-americana.

A hegemonia do capitalismo financeiro distorceu a relação entre classe empresarial e proletáriado – entre a classe pequeno-burguesa e estas duas, etc.
As contradições foram neutralizadas: A perpetuação artificial das condições econômicas do capitalismo industrial e comercial, de feição imperial, colonialista, militar – promovida pelo Cap. Financeiro – distorceu o desenvolvimento das sociedades, impondo o “crescimentismo” e o “inchaço”. Como consequência, as classes proletárias eventualmente organizadas, as classes burguesas nacionais, e pequeno-burguesas, ficaram destituídas de seus programas políticos habituais ao longo do séc. XX, inclusive devido ao fascismo, às guerras, golpes de estado, etc.
virtualpolitik.bravehost.com

As proposições políticas contemporâneas não conseguem pensar o ESTADO adequadamente.
Por estas razões é necessária uma revisão das três vertentes políticas históricas mencionadas.



San Pedrito Sétimo Distrito

No séc. 18 Lumiar era um pouso para descanso e abastecimento para as tropas que vinham do litoral, subindo ao longo do rio Macaé, como caminho alternativo para terras mineiras, onde se encontravam o ouro e os diamantes. Já no início do séc. 16, os portugueses se utilizavam dos portos de Macaé, Búzios e Cabo Frio, onde instalavam fortificações e feitorias.
É certo que muitas tropas atravessaram por Lumiar e São Pedro em direção à praça friburguense do Morro Queimado... E dali para Cantagalo, na corrida para o ouro e pedras preciosas de Minas durante estes séculos.
A lenda do Mão de Luva, nobre e cortesão dissidente que teria se transformado em contrabandista de ouro, que teria cruzado pela rota do rio Macaé ao final do séc. 18... deve ser uma das muitas estórias da avidez pelas riquezas minerais deste período.




O Mão de Luva teria utilizado as grutas da Pedra Riscada para esconder seu tesouro










Américo Vespúcio
Como piloto ou navegador de uma das naus na expedição portuguesa [1501-1502] em que ele veio ao Brasil pela primeira vez, Americo Vespúcio relata a descoberta de todo o litoral desde o sul da Bahia até Cabo Frio, e dali até pelo menos o Rio da Prata e Ilhas do Sul. Eles haviam se encontrado com a frota de Cabral, que retornava da Índia, no porto de Senegal; e com as informações certas, vieram dar no nordeste, e em Porto Seguro, onde Cabral deixara um marco. Em seguida descobriram as enseadas formosas e convidativas para as naus entre búzios e cabo frio... Este passou a ser um local de referência para todos os navegadores, porque a costa do continente aí se volta para Oeste, e os navegadores sentem o vento gelado da Antártida.
Ao longo dos séculos houve muitas disputas sobre as versões que Vespúcio dá em suas cartas, com a descrição das expedições em que participou, como cósmografo, ou piloto, ou comandante. O termo Cabo Frio passou a designar ora os dois promontórios [búzios + arraial do cabo], ora toda a região até a Guanabara [divisada por esta expedição em 01 jan de 1502].

Em sua segunda expedição portuguesa [1503-1504] Vespúcio diz que eles ficaram no Cabo Frio durante 5 meses. Fizeram feitorias, e exploraram a região, com guias índios, num arco impreciso de uns 100 km ou mais... Esta região explorada deve incluir o entorno da Lagoa de Araruama, e a encosta da Serra do Mar por onde desce o rio Macaé em Casimiro.
[Eles não teriam ficado os 5 meses na Guanabara, conforme algumas teses acadêmicas divergentes].
A guarnição desta primeira feitoria deixada pelos portugueses teria sido dizimada pelos Tamoios. Em 1556 os franceses tinham relações amistosas com os tamoios locais. Mesmo assim, a região permaneceu sempre fortificada e com portos controlados pelos portugueses. Em 1618, depois que o governador da capitania Constantino Menelau expulsou com sua esquadra um entreposto de ingleses e franceses, o governador-geral do Brasil aprovou a reconstrução do Forte de São Mateus, na entrada da lagoa em Cabo Frio. Nesta época, aquele porto era um dos principais escoadouros da produção agrícola e extrativista.
A se considerar que os caminhos eram escolhidos na medida em que os colonizadores conseguiam instalar seus povoados, este caminho de subida pelo rio Macaé deve ser um dos mais antigos na colonização...

O povoado que recebeu o nome de Lumiar já deveria existir bem antes da fazenda de Felipe de Roure, que comprou as terras de Alto Macaé em 1823, com apoio de Dom Pedro I.  Roure era descendente de nobres franceses que tinham vindo para esta região junto com a frota de Dom João VI em 1808, devido à invasão de Napoleão. Esta família de nobres havia fugido da Rev. Francesa e se instalado num vilarejo com nome de Lumiar, próximo a Lisboa. A esposa de Roure era desse lugar. Ele deu o nome de Lumiar para sua fazenda.
avozdaserra.com.br/noticias/distrito-de-lumiar-celebra
... "Essas famílias nem chegaram ao Rio de Janeiro: desembarcaram na Costa do Sol, provavelmente Macaé ou Barra de São João, e subiram a serra onde hoje é a Estrada Serramar."
Em 1889 o distrito é oficialmente fundado com este nome.


Veja no canto à direita em baixo, a estrada serra-mar está chegando em Lumiar, e faz 90 graus p/ esq., acompanhando o Rio Macaé.
De Lumiar, as trilhas conduziam:
1-- Até o centro da praça friburguense, via Fazenda de São Pedro (Heringer), Vargem Alta e Braunes;
2-- Até Mury: acompanhando o Córrego Santiago, e via serra dos núcleos coloniais 60, 50;
3-- Até Bom Jardim, via Santo Antônio, e trevo de Barra Alegre.

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